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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Lugares comuns

SINOPSE: "A vida do professor universitário argentino Fernando Robles muda depois que ele é obrigado - por decreto - a se aposentar. Ao lado de sua mulher Liliana - com quem faz um casal apaixonado e dedicado - viaja para a Espanha para visitar o filho. Eles se amam, se respeitam e são fiéis um ao outro, e nunca se cansam de estar a sós, somente os dois. Na volta, assustados com o custo de vida de Buenos Aires, Fernando e Liliana procuram novam ocupações mudando-se para uma fazenda onde pensam em plantar lavanda."
 
Bueno...não vou estragar a surpresa, porque o filme vai e volta... Mas logo no começo do filme, quando o professor fica sabendo da sua aposentadoria compulsória por decreto, ele fica puto! Arromba a sala do Reitor e fala o que pensa! Sem meias peias... O diálogo entre o professor recém-aposentado compulsoriamente e o reitor burocrata que reza a cartilha do governo é impagável! Está claro que o pecado do professor é incendiar o alunos e ser um inclassificável. Tanto que o reitor fala: "Eu não sei como defini-lo. Não é peronista, não é radical, não é nada. O que posso dizer no informe: é anarquista, marxista, esquerdista ?" Ao que o professor responde: "Diga a eles o que não sou. Eu não sou um inepto, um corrupto, não fui nomeado a dedo como você."  
 
Bom... depois de esculachar o reitor com ironias finas e grossas, inclusive chamando-o de burro, o professor vai para a sua última aula na universidade; entra na classe, revisa seu material e diz para os alunos guardarem seus apontamentos sobre o livro "O Jogo da Amarelinha", de Júlio Cortázar, porque, naquele dia, a aula será diferente. Acende um cigarro. Uma aluna pergunta se é permitido fumar. Ele diz: "Hoje sim". E diz:
 
"No ano que vem, quase todos serão professores; não sabem muito de literatura, mas poderão ensinar. Não é isso o que me preocupa. Me interessa que coloquem na cabeça que ensinar significa "mostrar". "Mostrar" não é doutrinar. É dar informação, mas ensinando também a entender, analisar e questionar essa informação. Se entre vocês há idiotas o suficiente para ouvir revelações ou doutrinas políticas, então deverão falar num templo ou em praça pública. Se, por casualidade, seguem isto, deixem as superstições lá fora antes de entrar na aula. Não obriguem os estudantes a aprender coisas decorando. Isso não é bom. Aquilo que é imposto pela força é rejeitado e, logo depois, esquecido. Nenhum garoto será melhor porque sabe o aniversário de Cervantes. Persigam o objetivo de fazê-los pensar, duvidar, que façam perguntas entre si. Não os valorizem pelas suas respostas, elas não são a verdade. Procurem por uma verdade que seja sempre relativa. As melhores perguntas são as que se repetem desde os filósofos gregos. O que ? Como ? Onde ? Quando ? Por que ? Se a isso também juntamos que "a meta é o caminho", como resposta não serve! Descreve a tragédia da vida, mas não pode explicá-la. Há uma missão, ou um mandado, que quero que cumpram. Missão que ninguém encomendou, mas que vocês, como professores, devem impor a vocês mesmos. Despertem em seus alunos a dor da lucidez. Sem limites. Sem piedade."   
 

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O samurai e o monge

"Um guerreiro samurai, conta uma velha estória japonesa, certa vez desafiou um mestre Zen a explicar o conceito de céu e inferno. Mas o monge respondeu-lhe com desprezo:
- Não passas de um rústico... não vou desperdiçar meu tempo com gente da tua laia!
Atacado na própria honra, o samurai teve um acesso de fúria e, sacando a espada da bainha, berrou:
- Eu poderia te matar por tua impertinência.
- Isso - respondeu calmamente o monge - é o inferno.
Espantado por reconhecer como verdadeiro o que o mestre dizia acerca da cólera que o dominara, o samurai acalmou-se, embainhou a espada e fez uma mesura, agradecendo ao monge a revelação.
- E isso - disse o monge - é o céu."