Translate

sexta-feira, 27 de março de 2020

Os onze



Trata-se de mais um livro sobre o Supremo Tribunal Federal, um ilustre desconhecido nas décadas anteriores que se tornou uma vidraça na qual todos atiram pedras nos tempos atuais. Uma espécie de Geni dos tempos pós-modernos. É um livro de bastidores, quase um livro de fofocas. De todos os Ministros da composição atual, somente Celso de Mello e Rosa Weber são poupados. Todos os outros são revelados por uma lupa que destaca seus defeitos e idiossincrasias. Luiz Fux é retratado como um "vira casaca", um Ministro adepto do garantismo no Direito Penal enquanto atuava no STJ, que mudou de posição e foi para o lado do punitivismo assim que começou a receber as primeiras críticas ferozes por decisões tomadas na "Operação Lava Jato". O livro revela que Gilmar Mendes é um dos políticos mais influentes de Brasília, ou seja, nem parece um membro do Judiciário, flertando e assumindo papéis do Poder Executivo. E, óbvio ululante, Joaquim Barbosa pecava pela falta de controle emocional.

Desse modo, os livros do jurista Joaquim Falcão conseguem fazer uma radiografia mais institucional da Excelsa Corte, contribuindo mais para pensar o Supremo e para o aprimoramento da Corte Constitucional. Contudo, Os onze - O STF, seus bastidores e suas crises, Companhia das Letras, tem o seu mérito por demonstrar que o STF é um tribunal político. Sempre foi, mesmo quando omisso e contido décadas atrás. Também tem o seu mérito por demonstrar que o julgamento do Mensalão foi um ponto fora da curva, um ponto de inflexão que tirou o STF da sombra e o trouxe para o centro do palco das grandes decisões do país. Para o bem e para o mal, depois do Mensalão o STF nunca foi mais o mesmo.