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domingo, 2 de março de 2014

Guignard

 
 
 
Em minhas andanças por Ouro Preto/MG, me deparei com a figura de Guignard. Lá tem um museu dedicado ao pintor. O museu tá pertinho da Praça Tiradentes. Era o último dia...Eu estava triste por ter que ir embora, e já sentia saudades antes mesmo de ter partido...Ouro Preto é uma cidade que cativa a gente. Certa vez vi um filme que tinha a seguinte frase: "A paisagem cura." É o caso de Ouro Preto. Para qualquer lado que você vire e veja, tem beleza, tem poesia, tem alma, tem corpo...E rende uma fotografia. Fiquei hospedado no Pouso do Chico Rey. E depois de 5 dias andando ladeiras acima e ladeiras abaixo, descobrindo minas de ouro, igrejas, o barroco, aleijadinho, comendo aquela comida mineira tão gostosa (um tutuzinho de feijão, covinha mineira, bisteca, torresmo e um quiabo que eu nunca vi igual em toda a minha vida), me deparei com a figura de Guignard. Entrei no pequeno museu. As imagens enebriavam mais do que a música que tocava...Era pura poesia! E me surpreendi com a história da paixão de Guignard por Amalita Fontenelle. Bom, a história é a seguinte: Guignard era um homem comum, suscetível a paixões e medos. Aos 36 anos, conheceu, durante um concerto no Theatro Municipal, a estudante de música Amalita Fontenelle, onze anos mais jovem. Apaixonou-se. Durante os cinco anos seguintes, de 1932 a 1937, passou a produzir cartões dedicados à moça. Com um detalhe: nunca foram enviados.

Ohh...céus...nunca foram enviados... Paixão silenciosa ? Timidez ? Medo de ser rejeitado ? Talvez jamais saberemos. Mas não importa mais...Porque ambos já morreram e não puderam concretizar esse amor. Ela, a Amalita, nunca soube que era tão amada e desejada por esse pintor de alma sensível e dedicada. Isso me abateu. Me deu uma tristeza tão grande...tão triste...que chorei. Saí do museu com a alma dilacerada, porque vi em mim, no menino que eu era na infância, e nas paixões platônicas que tive, amores não declarados (e vividos) e concretizados.  
  
 

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