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quinta-feira, 8 de maio de 2014

Fernando de Noronha

Fui a Fernando de Noronha e aprendi a olhar para dentro de mim. E lá terminei de ler o livro "Ensaio sobre a cegueira", de José Saramago. Na verdade, eu havia acabado de terminar o namoro com uma ex-namorada. Ou melhor, ela havia acabado de terminar comigo. Fiquei num estado lastimável e não aproveitei a viagem. Para piorar a situação, bati o buggy que havia alugado. O acidente foi uma distração que causou danos e prejuízos materiais. Tive sorte por nada de mais grave ter acontecido comigo, fora um hematoma no joelho. Lembro-me que, no momento da colisão, meus óculos saltaram para fora do buggy e ficaram na estrada. Que cena... De que adianta usar óculos e tanta ansiedade para ver o mundo se você não se conhece? Não controla suas emoções? Pra quê tanta pressa em "aproveitar a vida" se você não consegue sorvê-la, como um vinho, com calma, saboreando, usando os cinco sentidos? Ou os seis, no caso das mulheres. Essas eu respeito. Os homens são imaturos, quase todos, mesmo os velhos... E "os bares estão repletos de homens vazios" (Vinícius de Moraes). Achei que ia mergulhar no oceano, mas mergulhei em mim mesmo, e me espantei...Vi o ser carente que sou, carente de afeto e de amor. Vi o ser impulsivo e desatento com as coisas... e tomei uma lição! Calma. É preciso sempre ter muita calma, clareza e coragem para ver o que há de errado dentro de nós. Não adianta nada agir perante a impulsividade. Precisamos reconhecer o impulso, "a emergência", antes que ela faça estragos... Conheci uma mulher que mudou o rumo da minha direção. É sempre uma mulher... E essa valia a pena! Valia a pena lutar! Valia a pena esperar para ver o que iria acontecer se eu não fosse tão imaturo e egoísta e ela orgulhosa e cabeça dura. Não foi. Aliás, foi. Foi bom e ruim. Deixou marcas, mas passou. Uma das coisas mais difíceis que existe é aceitar a realidade, o que a vida e o destino às vezes mandam. E sem aquele pensamento de que somos vítimas, pois sempre temos algum controle sobre nossos pensamentos, emoções e comportamentos. Na verdade, todo mundo quer amar e ser amado. Mas tudo demanda iniciação, treino, paciência, calma, atenção, cuidado e tempo... Eu era cego e não via. Hoje, tiro os óculos e vejo melhor... Porque um míope tem que usar óculos quando, na verdade, o essencial é olhar para dentro de si mesmo? Como diria Antoine de Saint-Exupéry, "o essencial é invisível para os olhos, só se exerga bem com o coração".

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