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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Os meninos da rua Paulo

Há livros que se pode ler e reler em qualquer idade. É o caso de Os meninos da rua Paulo, Ferenc Molnár, Cosac Naify, 263 pág. O livro foi escrito pelo húngaro Ferenc Molnár em 1907 e retrata as brincadeiras de um grupo de meninos em Budapeste. Em processo de modernização e industrialização, a capital da Hungria vivia um tempo de mudanças em que antigos terrenos baldios começavam a dar lugar a prédios e indústrias. O autor consegue captar o espírito da época ao narrar as aulas de latim, de ciências, a rigidez dos professores, bem como a necessidade dos meninos de ganhar as ruas depois do almoço para simularem um exército, brincarem de soldado e jogarem péla (espécie de jogo que lembra o tênis). 

Trata-se de uma pequena obra prima que continua a encantar gerações de leitores. Publicado no Brasil pela primeira vez em 1952, tornou-se um clássico da literatura infanto-juvenil. Escrito num tempo em que havia muitas guerras, o enredo espelha o espírito beligerante da época e conta com um final pungente. A saborosa edição do livro, na fotografia ao lado, é da saudosa editora Cosac Naify (que fechou as portas em 2015 devido à crise econômica brasileira), com tradução e prefácio de Paulo Ronái, revisão de Aurélio Buarque de Holanda e ilustrações de Tibor Gergely. Fica claro que o livro foi escrito por alguém que viveu aquelas aventuras no grund em Budapeste. É preciso sensibilidade para olhar para trás e contar as aventuras de um grupo de meninos que reproduziam, em pequena escala, o mundo dos adultos. Bem por isso, Paulo Ronái nos conta que a história "foi relatada por um dos seus participantes, ainda bastante perto da mocidade para levá-la a sério, já bastante longe para dela sentir saudades".

Para finalizar, melhor citarmos um trecho do irretocável prefácio: "Não cabe resumir aqui os episódios da história, divertidos ou patéticos, nem a descrição da batalha final, palpitante e dramática; nem retratar as personagens, o grave Boka, o temível Chico Áts, o ambíguo Geréb, o franzino Nemecsek, único soldado raso, que se revela nos últimos capítulos. Deixemos o leitor descobri-los, um por um, conhecê-los de perto, familiarizar-se com eles para nunca mais esquecê-los. Pois os meninos da rua Paulo é dessas leituras que nos acompanham pela vida a fora, livro de aventuras que vale por um estudo de psicologia, livro de memórias em que não se percebe a presença do autor, livro de guerra que nos reconcilia com a humanidade".


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