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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

"A Don Jayme de Aragon y Ovalle"

"Pela rua Moraes e Valle
O violão do Jayme Ovalle
Muita serenata gemeu.
Depois, mudou-se para os Arcos
E seus dedos ficaram parcos...
O violão emudeceu.

"Eu quero que você se enforque!",
Diz ele agora em Nova York,
"Não me fale do violão!"
Ai! Jayme de Aragon y Ovalle,
Ainda que o violão se cale,
Tudo em mim é recordação.

"O Couto é um sujeito cacete."
Oh! Velhas noites do Catete,
Quanta vida morta lá vai!
Miséria, média-com-pão-quente,
Madrugadas, conversa ardente
À porta da pensão Schray!

Nas Américas ou na Europa
Anda dispersa a nossa tropa.
Alguns até já Deus levou.
Companheiros da madrugada,
Já não respondem à chamada,
Mas em mim sua voz ficou.

Que em breve a nossa voz se cale,
Ó Jayme de Aragon y Ovalle,
Será natural também!
Mas enquanto a vida não passa,
Mande-me um ar da sua graça,
Se é que ainda graça você tem."
                                 (Ribeiro Couto)

Ribeiro Couto foi Embaixador do Brasil na Iugoslávia em 1949. Além disso, como muitos poetas e músicos brilhantes do Brasil daquele tempo, era também amigo do "místico". Para maiores informações sobre quem foi Jayme Ovalle, o compositor de "Azulão", e amigo de Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Gilberto Freyre, Di Cavalcanti, entre outros, recomendo uma preciosa biografia:

WERNECK, Humberto; "O Santo Sujo: a vida de Jayme Ovalle": Humberto Werneck; São Paulo: Cosac Naify, 2008.


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