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domingo, 1 de dezembro de 2013

Saudade do Brasil

Caríssimo amigo Fernando Szegeri

Estou com saudades dos nossos papos!
Lembras-te quando saíamos dos nossos quintais...
Ambos guapos!
De onde ainda tinha tamarindo, hortas...
Roseiras...e bambuzais ?
 
E íamos a pé, alegres, assistir a um jogo
No mítico Pacaembu ?
Quando tudo era só festa...
E o jogo ainda era jogado, catimbado...
Sem essa marcação hedionda do bel-ze-bu ?

Descobri um novo canal de televisão, meu amigo, que eu não conhecia: o canal Brasil. Que beleza! Dias atrás assisti ao filme "Os desafinados", com Selton Mello, Cláudia Abreu (Glória), Rodrigo Santoro (Joaquim), Alessandra Negrini (linda!), Jair de Oliveira, Antonio Pedro e, como diziam aqueles velhos "reclames" (ainda existe isto ?) "e grande elenco...". Quer dizer, esta última expressão era colocada não só para disfarçar a pequenez ou o anonimato dos demais atores e atrizes, como para engrandecer o filme. Que beleza! Peguei o bonde andando...quer dizer, com o filme já no começo. O bom de assistir filme em casa é que você pode ir petiscando algo ou bebendo alguma coisa enquanto "a fita" rola. "A fita" é do tempo do Sérgio Buarque de Holanda. Eu já sou um pouco mais moderno, sou do tempo do "video-tape". Caramba...Acho melhor não me expor tanto...Enfim, o filme se passa nos anos 60 e fala de uma trupe de músicos que sai do Brasil e vai para Nova York tentar "ganhar a vida". Que expressão essa, hein ?! A gente não ganha a vida quando nasce ? É...parece que não...Bom...eles vão para Nova York e o Joaquim se apaixona pela Glória. Já viu isso ? Parece filme não ?! E um brasileiro se apaixonar por uma brasileira lá fora, no estrangeiro, parece uma coisa bastante recorrente. Um dia algum antropólogo vai escrever uma dissertação de mestrado sobre isso, pode apostar! Parece-me que a saudade do Brasil une as pessoas lá fora. Já senti isso quando morei em Londres. It's true. E lá fora a gente só fala bem do Brasil. É impressionante! Mas, logo que a gente chega, a gente olha, observa, escuta...e se sente um estrangeiro nas primeiras semanas. A gente começa a comparar tudo: a paisagem, os hábitos, os transportes, os costumes, o respeito ou o desrespeito às regras, os tipos de conversas, a relação entre as pessoas, entre os amigos, a relação do Estado com o cidadão... E, um pouco depois, a gente sai falando mal do Brasil, mas de uma forma muito tosca! Sai falando que esse país é uma merda! Que não presta! Que todo mundo só sabe fazer fofoca! Que ninguém respeita a lei, etc. e tal. Nossa !? Hoje eu posso me autocriticar um pouco...Já fiz isso e hoje não penso assim. A gente não falava belezas do Brasil lá fora ? A gente não cantava João Gilberto, Caetano, Gil e Chico para o "foreign" ? Não lembrava com saudade das nossas praias, das morenas, da natureza, das comidinhas, do nosso samba ? Da possibilidade de fazer um amigo na rua, no bar ou no futebol ? O coração não era só saudade ? E agora...falando mal do seu país ? Não é um comportamento um pouco esquizofrênico ? É...acredito que sim. O Brasil ainda tem coisas ótimas! Só não vê quem não quer. Mas se apresse e fique atento!, meu amigo, pois os conspurcadores e "cagadores de regras" não param de legislar contra o Brasil. Aquele Brasil do Pixinguinha já não existe mais. Bom...mas voltando...me emocionei com o filme. O Rodrigo Santoro faz o papel do galã, a Cláudia Abreu da cantora e amante, a Alessandra Negrini da esposa amorosa (e convence!) e o Selton Mello faz o papel do Selton Mello. Impagável. Que menino de ouro!

Abraços
Geraldo

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